Automedicação: risco que pode causar danos graves à saúde

Sabe aquele hábito de tomar um remédio para conter uma dor de cabeça ou um resfriado? Apesar de parecer uma atitude inofensiva, pode ter consequências mais graves do que se imagina. Mesmo assumindo riscos, como o de uma intoxicação com o uso de medicamentos sem prescrição médica, muitos brasileiros mantêm essa prática.

É o que mostra uma pesquisa do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), feita em todo o Brasil, no ano passado. Os dados apontam que 72% das pessoas pesquisadas se automedicam e mais: 40% com o diagnóstico baseado nas orientações garimpadas na internet. O País está entre os dez que mais consomem remédios no mundo, segundo dados do ConselhoFederal de Farmácia.

Para médicos e farmacêuticos, esta é uma situação delicada visto que, entre as consequências, estão a dependência do medicamento, a superdosagem e, também, o alivio imediato de sintomas que podem mascarar doenças mais graves. O clínico geral Alberto Alves explica que uma simples dor de cabeça pode ter várias origens. Por isso, se automedicar em casos assim, pode até potencializar enfermidades. “O médico é quem deve avaliar. Em uma dor de cabeça, por exemplo, ele identifica indícios de outros problemas, como hipertensão, infarto, doenças na visão ou a enxaqueca crônica”, observa.

Alberto reforça que a automedicação pode causar reações alérgicas, intoxicações e dependência química à substância, principalmente com o uso de antidepressivos e emagrecedores. “As pessoas pegam indicação de outras. Mas, cada organismo reage diferente. O que é bom para um, é ruim para outro”, adverte. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as reações adversas a medicamentos representam mais de 10% das internações hospitalares.

O médico destaca mais um problema na automedicação: a mistura de remédios. O risco é de que um medicamento possa reagir com outro e piorar o quadro clínico. “Há substâncias que não são compatíveis com outras. Se alguém estiver em um tratamento, os riscos ao se medicar por contra própria dobra”, ressalta o clínico. É importante que o paciente também faça a administração correta, nos horários e dosagens estabelecidas.

ORIENTAÇÃO

Segundo Marcelo Brasil, vice presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-PA), os farmacêuticos podem orientar o consumidor a levar um medicamento para casa. A ressalva fica com os remédios com tarjas pretas e vermelhas que são de uso controlado e devem ser receitados exclusivamente por médicos. A permissão também se estende aos manipulados com plantas medicinais ou drogas vegetais, desde que venham a ser aprovados pelo órgão sanitário federal para prescriçãodo farmacêutico.

“Hoje, toda farmácia deve ter no seu período de funcionamento um farmacêutico. Ele está habilitado para prescrever medicamentos sem complexidade”, destaca. Mesmo com essa alternativa, muitos consumidores não procuram esses profissionais. “O acesso aos remédios é fácil. Estão à mão, como os para dor e antitérmicos”, reforça Marcelo Brasil, que alerta dos riscos da automedicação. “Há consequências severas: dependências e outros sintomas se a dosagem for maior”, diz. Quanto aos remédios disponíveis nas gôndolas das farmácias ele também orienta: “não há uma proibição e sim uma cautela, para evitar os excessos. O farmacêutico pode orientar a dosagem”, afirma.

Fonte : Site Panorama Farmacêutico