Vitamina C, a queridinha do momento

São Paulo – Ao menos duas dezenas de cosméticos com vitamina C foram lançados, globalmente, nos últimos seis anos. A grande popularidade tem relação direta com os vastos benefícios do ativo, de seu emprego nos mais distintos tipo de pele e de muita pesquisa científica endossando seu uso seguro. Mas será que todo produto que tem em sua propaganda a vitamina C como estrela ostenta, de fato, a substância em seu estado puro na fórmula? Multifuncional, a vitamina C é o ativo queridinho do momento por, de uma só vez, proteger a pele dos danos causados pelos radicais livres de diferentes origens, como a radiação UV, energia infravermelha, poluição e estresse. Além disso, tem intensa ação corretiva em rugas, aumenta a firmeza da pele, clareia manchas e diminui possíveis inflamações.

Pura x derivada  

Basicamente, existem dois tipos de vitamina C no mercado cosmético: a pura, conhecida cientificamente como ácido ascórbico, e o derivado de Vitamina C. “O grande diferencial entre essas duas classificações está na ação antioxidante. Diferentes estudos da literatura científica demonstram que a pura possui ação antioxidante superior, se comparada aos seus derivados, garantindo assim uma maior proteção contra a ação nociva dos radicais livres”, diz José Euzébio, farmacêutico técnico em química.

Para saber se o produto de beleza tem a potente Vitamina C em seu estado puro, o ideal é ler as minúsculas letras do rótulo. Você a encontra por lá como ácido L-ascórbico. Já os derivados possuem outras nomenclaturas. “Eles são o ascorbil fosfato de sódio, ascorbil fosfato de magnésio, ascorbil tetraisopalmitato e ascorbil glucoside,” detalha a dermatologista Ana Cristina Martins Ferreira, de São Paulo.

 

Segundo a médica, mesmo sendo menos potentes do que a versão pura na ação antioxidante, os derivados são mais trabalhados comercialmente por terem maior estabilidade. Ou seja, nem sempre uma vitamina C pura em forma de creme ou sérum está entregando seus benefícios, uma vez que a manipulação ou variações de temperatura podem fazer com que ela oxide e perca a função.

 

Então é comum encontrá-la como ácido ascórbico em produtos com data de validade mais enxuta, em pipetas ou em pó, para misturar apenas na hora da utilização. Para mantê-la ativa, nada melhor do que ler o rótulo do produto e seguir as recomendações de uso e armazenamento. Elas podem variar drasticamente de acordo com cada fabricante.

 

Concentração ideal

Existem diferentes informações nas embalagens sobre a quantidade de vitamina C pura (ácido l-ascórbico) e elas variam de 5% até 40%. “Para que ela penetre eficazmente na pele e promova seus benefícios corretivos e antioxidantes, deve estar em uma faixa de concentração na qual ela tem alta penetração, que é entre 10% e 20%. Fora disso, temos um menor aproveitamento do ativo”, afirma Euzébio,  responsável pela comunicação científica da SkinCeuticals Brasil.

 

Dá espinha?

Alguns usuários relatam um aumento no número de espinhas após iniciar um tratamento com vitamina C. Só que não é ela a causadora de acne. “O surgimento é devido ao veículo ou textura do cosmético utilizado. Se a pele é oleosa ou acneica, o resultado sempre será a piora do quadro se o produto em questão for pesado”, afirma Ferreira, especialista em dermatologia da Clínica Mais, de São Paulo. Então o melhor é usar a vitamina C em bruma ou sérum para peles oleosas, e em cremes hidratantes ou nutritivos para peles mais maduras ou ressecadas.

 

Por quanto tempo usar 

O período de uso para que um cosmético com vitamina C consiga mostrar todos os benefícios embutidos é de dois meses, no mínimo. Além disso, esse ativo pode ser usado o ano todo, sem a necessidade de substituição em períodos de calor ou frio. Quanto aos efeitos colaterais ou contraindicações, a Vitamina C só não deve ser utilizada no caso de alguma alergia vigente ou doença que comprometa a integridade da pele.

“Um quadro alérgico, normalmente, estaria associado à fragrância, conservante ou algum outro componente associado na formulação e não ao ativo em si”, diz Adriana Cairo, dermatologista de São Paulo.

 

Fonte: Folha de Londrina