Antes de correr, há quem se alongue antes da atividade, depois dela ou em ambos – ou em nenhum momento. Há quem prefira se hidratar mais, menos, ou quem recorra a suplementos energéticos para impulsionar a prática.
Mas, para além do que praticam os leigos – afinal, correr é uma atividade à qual muitos recorrem em todo o mundo, como prova a multiplicação de maratonas -, o que diz a ciência?
Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, resolveu analisar 70 estudos sobre essa prática física – e produziu uma síntese com informações que podem ajudar os corredores a melhorar seu desempenho.
“Algumas das descobertas foram verdadeiramente surpreendentes, enquanto outras confirmam o que muitos praticantes já sabem”, diz Chris Lortie, biólogo do Centro Nacional de Síntese e Análise Ecológica de Santa Bárbara, que conduziu a análise e também é um corredor amador.
Lortie destaca, porém, que ele e sua equipe não estão propondo uma série de regras que devem ser rigorosamente seguidas – afinal, cada caso é um caso, é há pessoas que correm “para ficar em forma, outras para ganhar medalhas e outras apenas pelo prazer de estar ao ar livre”.
“Cada pessoa deve olhar para seus próprios resultados, pensar sobre o que está tentando alcançar e aplicar o que funciona para ela”, diz o especialista.
A seguir, estão alguns destaques da síntese feita pelos pesquisadores que podem ajudar a orientar o teu treinamento – ou, em alguns casos, simplesmente te surpreender.
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1. Frio, e não aquecimento
Para a maioria dos praticantes de corrida, a ideia de esfriar-se antes do exercício pode parecer não fazer sentido.
O senso comum diz que é melhor, inclusive, se aquecer primeiro para evitar lesões e fazer com que os músculos trabalhem em um nível ideal.
Mas Lortie e seus colegas descobriram que o contato com o frio – passando gelo sobre a pele, mas nunca diretamente sobre os músculos, por exemplo – antes da corrida pode, na verdade, ter um impacto positivo em percursos longos.
O resfriamento prévio permite que o corpo do atleta trabalhe por mais tempo, antes que comece a superaquecer.
A explicação para isso ainda é desconhecida, mas há algumas hipóteses. Uma delas é a de que isto retarda uma resposta natural do corpo quando há superaquecimento, que é reduzir a atividade muscular.
Outra é que o resfriamento reduz o acúmulo do ácido lático, que tende a aumentar em altas temperaturas.
Infelizmente, para aqueles que preferem correr à toda velocidade, mas por pouco tempo, esta regra não funciona. A estratégia parece funcionar apenas durante um período prolongado.
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2. O papel do alongamento
Embora alongar-se possa melhorar a flexibilidade, a análise de Lortie e sua equipe revela que isto não faz muita diferença quando a preocupação é apenas em melhorar o desempenho.
“Essa descoberta foi uma grande surpresa”, diz o pesquisador.
“Do ponto de vista do desempenho, (o alongamento) não traz nenhum benefício – não vai fazer você correr melhor ou mais rápido.”
“Alongar-se sozinho parece funcionar se você estiver se recuperando de uma lesão, uma vez que ajuda a esticar as fibras musculares à medida que elas se recuperam.”
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3. Saltar para ser mais veloz
Os profissionais já sabem disso, mas a pliometria (ou treinamento de salto) faz com que os músculos trabalhem com sua força máxima em um curto período de tempo.