Ser feliz, seja em que fase da vida for. Pode não ser fácil, mas é preciso buscar por isso. O desejo de viver bem e o alto-astral da pedagoga aposentada Mônica Batista Araújo, de 57 anos, são contagiantes. É com humor e força para se adaptar que ela revela como encarou a chegada da menopausa, sem fazer a reposição hormonal. A decisão foi por dois motivos: “Primeiro, porque é uma fase natural da vida de qualquer mulher. Portanto, é uma adaptação, como a passagem da infância para a adolescência. É a mesma coisa. O problema é o preconceito com a menopausa, a vergonha e, como é pouco falada, se torna uma caixinha de surpresa e temos de viver e descobrir o que ocorre. Já na virada para mocinha, o que não falta é informação e orientação. E o segundo, é porque questionei minha mãe, que tem mais de 80 anos e teve 11 filhos, e nunca fez. Continua jovem, linda, conservada, uma boneca. E com qualidade de vida”.
Mônica diz que se adaptar à menopausa é “encarar o envelhecimento, descobrindo que ele também tem seu charme e alegria. Minha forma de encará-la é com humor, porque é uma fase de descobrimento da mulher, que se liberta. É importante aprender a se amar e saber que é um período natural e que vai passar, é normal”.
Depois de casada por mais de 20 anos, com três filhos, Mônica conta que se separou e há 12 anos tem um namorado, “que enfrentou comigo todas as descobertas, já que entrei na menopausa logo depois que o conheci. E ele me diz que me ama cada vez mais”. Ela lembra que o maior medo da mulher e a grande preocupação é quanto ao “furor” sexual. “Sim, o desejo não é mesmo, mas quando tem é com mais qualidade. E tem outras coisas bacanas. A mulher precisa estar segura de que o corpo muda, mas seu espírito não. A felicidade está na gente e sou alto-astral. Minha neta, Helena, de 2 anos e 6 meses, me chama de ‘vovó linda e vovó doida’.”
Mônica explica que sente os sintomas, que, com o passar do tempo, vão se espaçando. “Senti fogacho, suor noturno e uma certa irritação. Às vezes, estava pronta para sair, vinha a onda de calor e a maquiagem borrava toda e tinha de tirar a roupa e ir para debaixo do chuveiro. Cheguei a congelar o roupão. Meu médico disse que o máximo que pode ocorrer é você pegar uma pneumonia, mas não faz mal. Enfim, nada que um ventilador, ar-condicionado ou leque não resolvam. É desagradável, mas a cólica também é.”
Para ajudar a quem trata a menopausa escondida, se sente mal em falar, Mônica lembra que ouviu de um médico que a reposição hormonal não resolve os problemas femininos, seja uma depressão ou crise no casamento, são tratamentos individuais. “E minha decisão de não fazer, por coincidência ou não, tive cinco amigas que enfrentaram um câncer de mama. Tenho pavor dessa palavra e sabemos que a reposição aumenta o índice de chance. Não me arrependo da opção. E para quem ainda reclama da perda do viço da pele, é só passar creme. Tudo tem saída. O importante é se sentir bonita, se arrumar, enfim, se gostar. Abrace a menopausa com cabeça aberta. É um estágio natural da vida.”
Já a esteticista corporal Marisa Máximo, de 55, faz reposição hormonal há quatro anos. “Primeiro, minha menstruação ficou irregular, vinha duas, três vezes por mês. Comecei um controle para regularizá-la e voltar a ser mensal. Depois, o ginecologista fez outros exames, constatou que não corro riscos e passei a fazer uso contínuo. Foi aos 48 anos, numa consulta de rotina, que minha médica constatou uma taxa hormonal baixíssima. Até ficou espantada porque eu não sentia nada.”
Marisa acredita que não tenha sintoma da menopausa pelo fato de fazer atividade física a vida inteira. “Não tenho fogacho, suor, irritação… Tenho insônia, mas é de família. Durmo pouco. Notei, sim, a queda da libido, mas nada grave. E com a reposição hormonal também não tive reação, não engordei, enfim, sem problema.” Com sorriso fácil, ela enfatiza que a menopausa não é nenhum pesadelo ou dor de cabeça, “mas uma fase natural da mulher, que encaro com tranquilidade. Faço a reposição com segurança e com controle periódico, indo ao médico. É vida que segue”.
“A mulher se torna plena”
O médico homeopata Luiz Celso Ribeiro de Oliveira lembra que medicina é bom senso e, se usá-la dessa forma, chega-se a um bom termo. Sempre tendo em mente que cada caso é um caso. “E, na homeopatia, indicamos evitar a reposição hormonal por causa dos problemas que ela pode vir a causar. Principalmente, para quem tem caso de câncer de mama na família, é contraindicada. Mesmo que falem que o índice é pequeno, mas, e se for você?”
Ele afirma que a reposição/modulação hormonal é discutível, já que, antigamente, não se usava hormônio. E, hoje, há médicos ginecologistas a favor e outros que são contra e recomendam evitar. “Para mim, o maior risco é o câncer, pelo fato de estimular o organismo por meio de uma substância sintética.” Luiz Celso pede extremo cuidado e destaca que, de maneira geral, “pessoas morrem por causa de efeito colateral de remédios!”
Luiz Celso diz que, dentro da leitura corporal da homeopatia, “na menopausa, a mulher se torna plena e percebe o sentido da vida ao conhecê-la melhor e o seu corpo, e ter a liberdade do sexo, ao saber que não vai engravidar. E quando ela assume que entrou nessa fase, não tem quase nenhum sintoma tão grave”.
O aviso do médico homeopata é que “a paciente precisa ser alertada sobre o que é a menopausa e a reposição hormonal e como encará-las. Só assim ela vai passar bem por essa fase e entrar na terceira idade com saúde vital boa”.
Muito se fala no extrato de amora, fitoterápico extraído da fruta, que se tem mostrado eficaz quando surgem os primeiros sintomas do climatério. Luiz Celso não gosta de falar em medicamentos ou dar indicações generalizadas. Mas abriu essa exceção. “Para quem não tiver condições de ir ao médico, indico a tintura de amora como chá para ajudar no fogacho, ela não tem efeito colateral nem contraindicação. Mas dentro da homeopatia, procuramos equilibrar a pessoa como um todo. Ao buscar esse equilíbrio geral, a menopausa vai para o segundo plano e as outras coisas são superadas. Medicina é preventiva e não curativa. Portanto, tenha sempre um acompanhamento para que seu médico a monitore e saiba as decisões que terá de tomar em cada etapa da vida.”
A melhor idade
O médico ginecologista José Bento traz em seu novo livro A melhor idade da mulher, publicado pela Editora Alaúde, verdadeiro guia prático sobre como cuidar da sua saúde neste período. Em meio a várias orientações, ele recomenda alimentação à base de soja, que contém fitoestrogênio. “Muito consumida no Japão, a soja vem mostrando seus benefícios: lá, menos de 20% das mulheres no climatério se queixam de fogachos.” Quem encara a incontinência urinária, já que a falta de estrogênio contribui para o enfraquecimento dos músculos do baixo-ventre, o ginecologista indica “exercitar especificamente os músculos do períneo. Essa reeducação pode ser feita com a orientação de fisioterapeutas, por meio de técnicas e aparelhos específicos para aumentar a tonicidade da região”. E quanto às dores nas articulações, ele diz que o estrogênio protege o corpo dos efeitos nocivos do excesso de ácido úrico, daí o surgimento do problema. “Faça alongamentos e exercícios orientados e de baixo impacto, como caminhadas e hidroginástica, ideais para o tratamento das dores das articulações.”
Fonte: Site Saúde Plena